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Brasil - Gráficos reagem e conquistam direito negado por quase 20 anos
Uma luta de 18 anos até conquistar o vale compras. Este foi o tempo de duração das reivindicações dos gráficos santistas e da região do Grande ABC paulista até conseguir o benefício. A concessão do direito foi confirmada pelos patrões neste final de semana, após demonstração de unidade e mobilização dos funcionários, que responderam indignados a negativa e o desrespeito patronal. A revolta foi significativa depois que os empresários disseram não ser necessário o vale-compras porque seria usado para comprar cachaça ao invés de alimentar a família dos trabalhadores. Várias assembleias de gráficos foram realizadas nas empresas como resposta ao insulto. O cenário fez os patrões mudarem de opinião. As atividades foram coordenadas pelos Sindicatos dos Trabalhadores nas Indústrias Gráficas (STIG) de Santos e do ABC.
“O desrespeito foi o combustível da nossa reação. Os gráficos estavam dispostos a resistir, fazendo com que os patrões reavaliassem a situação”, diz Isaias Karrara, presidente do STIG da região do ABC. O vale-compras é uma conquista inédita para os trabalhadores das duas bases sindicais. Era uma reivindicação que as entidades obreiras batiam desde 1996. O valor concedido é de R$ 65. O dirigente avalia que pode não ser um valor que atenda às necessidades dos trabalhadores, mas foi um grande avanço, já que o benefício faz parte da convenção coletiva de trabalho da categoria. Depois de incluído, o trabalho agora é ir melhorando o valor no decorrer dos anos. “Este benefício era um sonho dos gráficos da Baixada Santista”, comemora Jorge Fermino, presidente do STIG de Santos.
Também foram garantidos bons resultados em relação às conquistas econômicas com o reajuste salarial. O aumento será de 8% para todas as faixas salariais. O percentual corresponde a um ganho real de 1,56%, já que foi de 6,35% a inflação anual do período equivalente a data-base da categoria. O novo salário é válido já para agosto. O piso normativo passa para R$ 1.236,40. Já o salário nas empresas copiadoras e comunicação visual é de R$ 952,44. Sobre as horas extras, duas faixas percentuais serão incorporadas. Será acrescido 75% em relação à hora normal de segunda a sábado. E 100% quando trabalhada nos descansos semanais remunerados e feriados, ressalvado o caso de pessoal que obedece a escalas de revezamento, independente do pagamento do descanso semanal remunerado ou feriado se for o caso.
Houve ainda melhorias com relação à valores e regras da participação nos lucros e resultados. Ficou estipulada uma multa de 10% em caso de atraso no pagamento nas datas das duas parcelas acordadas: 10 de março e 10 de agosto do próximo ano. O valor do benefício equivale ao quantitativo de funcionários por empresa: Recebem R$ 543 com até 30 empregados; R$ 670 de 31 a 100 funcionários e R$1.212 acima de 101. Aos empregados com filhos com deficiência será garantido um auxílio mensal no valor de R$ 115,20 (em caso de um filho). O valor passa para R$ 207,04 e R$287,55 com dois e três filhos respectivamente.