Sindgraf-PE se impõe e mostra a força em resolver problemas
A Multimarcas aceitou substituir de setor o gráfico e dirigente sindical Geraldo da Silva, depois que o Sindicato dos Trabalhadores na Indústria Gráfica de Pernambuco (Sindgraf-PE) entrou no caso. A imposição do órgão sindical foi fundamental para proteger a saúde do funcionário. Isso porque a empresa se negou a trocá-lo do setor das máquinas de quadro cores, mesmo sob recomendação médica. O fato é que, diante da rejeição da empresa, da qual o trabalhador classifica de perseguição por ele ser dirigente sindical, conotando a prática antissindical, o sindicato levou o caso à Superintendência Regional do Trabalho. Diante do órgão federal, a empresa reconsiderou a decisão, realocando-o para outro ambiente.
Ficou definido que Geraldo trabalhará no setor administrativo para evitar contato com tinta, por conta de um problema pulmonar verificado pelo médico do trabalho da empresa. Ele ficará no almoxarifado. No entanto, a Multimarcas se negou e resistiu a substitui-lo de setor mesmo diante do problema de saúde do seu funcionário. “A resistência só permaneceu até o Sindgraf-PE interver e mostrar a sua força e o seu papel em defesa dos direitos dos trabalhadores, até garanti-los”, comemora Iraquitan da Silva, presidente do Sindicato. O dirigente conclui dizendo que o caso mostra a importância do sindicato e do gráfico ser sindicalizado ao órgão de classe.
O caso de Geraldo é emblemático, pois ainda mostra uma possível prática de atitude antissindical por parte da empresa. Isso porque o problema do trabalhador e dirigente sindical começou depois de ser detectado nele um problema pulmonar, podendo se agravar por conta do trabalho com tinta e em um ambiente fechado, sem circulação de ar, que é o local onde fica as máquinas de quatro cores – setor onde ele trabalhava. Nesta situação, o médico do trabalho da empresa o orientou a sair deste setor para o de oito cores, devido a maior ventilação. No entanto, a empresa se recusou até o feliz desfecho em função da atuação do Sindgraf. O caso, segundo informou Geraldo durante a primeira mediação no começo do julho, deriva da discriminação que ele sofre por ser sindicalista. A empresa negou.
Mesmo assim, durante a segunda reunião de mediação, no dia 28/07, a discussão sobre a prática antissindical foi intensa. Até mesmo o coordenador da equipe de impressão da Multimarcas, Diogo Barros reconheceu tal ação da empresa. Ele conta que recebeu ordens da sua chefia para não substituir Geraldo de setor. Diogo já está na empresa há quatro anos. Neste tempo, ele contou que já recebeu outras ordens para não substituir ou promover Geraldo porque ele faz parte do sindicato. Isso ocorreu, segundo o Diogo, antes dele se tornar sindicalista também. Depois de então, garante que passou a sofrer discriminação também. Ele reclama que deixou de passar por rodízio de turnos, como acontecia antes de ser dirigente sindical. Os representantes da empresa presentes na mediação da Superintendência do Trabalho, negaram qualquer discriminação em ambos os casos.
O Sindgraf-PE conta que estar disponível aos trabalhadores e dirigentes sindicais em qualquer situação para garantir todos direitos constituídos, e esclarece que se eles decidirem entrar com uma ação judicial por danos morais contra a empresa em função da alegada discriminação praticada, a entidade de classe dará todo o suporte necessário. Iraquitan lembra que a prática antissindical é um crime de acordo com a legislação brasileira.